segunda-feira, 1 de novembro de 2010

O bolo das eleições

Muitos amigos perguntam quais os motivos que fizeram com que eu não votasse.  É simples, mas preciso contar detalhado e para isso faço em paralelo ao preparo de um bolo.


Em setembro de 2009 fiz um chamado aos amigos, dizendo que era a hora de preparar a lista de ingredientes (filiações) e só dois amigos atenderam.  Em abril de 2010 eu fiz novos chamados, pois era preciso pré-aquecer o forno (lista de filiados e chapas) e ninguém atendeu.   Em junho eu fiz o último chamado, pois ai era misturar os ingredientes e bater a massa (convenções e candidatos).   Veio a campanha e eu equiparo isso ao assar o bolo,  mudanças efetivas deveriam ter sido feitas antes de misturar os ingredientes.

No dia das eleições apareceram os 'agredidos pela realidade', após meses de letargia e ignorando chamados, com ar de protesto e cobrando ações para mudar as eleições.   Dia da eleição é o fatiamento do bolo e as semanas seguintes foram a entrega (formação do governo, secretarias).   Em 2011 vamos comer esse bolo, muita gente que dormiu, achando que o poder decide apenas na semana da votação, vai ficar salivando ou dizendo que esta de regime e dispensa o bolo.

No caso presidencial a massa foi feita e vencerá o bolo que assar primeiro.  O segundo bolo será aproveitado, afinal é um grupo (um bolo) e que terá espaço na 'distribuição' dos fornecedores.

Aos jovens digo que o dia da eleição é apenas uma seleção e partilha de um longo processo, que tem início em setembro do ano anterior (pela Lei Eleitoral, deve ter 1 ano de filiação partidária para ser candidato) e com muitos altos e baixos.  O Poder mostrado na grande mídia, presidentes, governadores, são apenas representantes de grupos e ícones de estruturas de poder.   O poder que nos atinge diretamente poucos conhecem, são os secretários, os ministros e diretores.   Também fiz um chamado aos nossos amigos para conhecer, estudar e contatar os poderes, mas novamente poucos interessados.
Concluo e deixo a crítica que estive cercado de amadores e que agem por emoção,  vivendo na letargia e como expectadores ou palpiteiros do que querem mudar.

Como reflexão penso que esses 'bolos' foram feitos por homens, verdadeiros detentores do poder: o sujeito que fez as compras no mercado, pagou o forno e outras coisas.  Encontramos alguns colaboradores nas Prestações de Contas, nas reuniões de decisão e nos meios acadêmicos.  Mas isso é assunto para outro dia: o bolo do poder.

Na primeira fase eleitoral ja tivemos como fato os 400 deputados da base aliada e a  perda de grandes nomes no Senado.


Jean Tamazato