quarta-feira, 27 de maio de 2009

O velho problema do voto

O sistema eleitoral na república presidêncialista sempre foi um problema. Hoje discurte-se mais uma vez sobre o voto em lista fechada e com distritos, sistemas excelentes mas somente no autêntico parlamentarismo.

Assim se referia a esses acontecimentos, em crónica publicada no "Jornal do Brasil" de 23-5-1912, Carlos de Laet: "A República, segundo hoje confessa o Sr. Senador Glicério, tem sido o falseamento sistemático ao voto. Só o que ao ilustre paulista se pode, não objetar, mas aditar, é que o maior, o mais escandaloso de tais falseamentos se deu na eleição para a Constituinte, pleito iníquo, poi que já se realizava segundo as prescrições do famoso regulamento-gazua, mas de que, entretanto, nas mais desvantajosas condições para os monarquistas resultaram a minha eleição para deputado e a do Barão de Ladário para senador, pelo Distrito.Federal. Fomos ambos ditatorialmente eliminados; e do Governo Provisório, que ordenou tal atentado, fazia parte conspícua o cidadão Francisco Glicério. (...) A República, não se sentindo forte, em 1889, para governar com o povo, suprimiu o povo. Regime essencialmente fundado no voto popular, ela engendrou um sistema de falcatruas e irresponsabilidades tendente a não deixar eleger senão os apaniguados do Governo. E daí promanou aquele absurdíssimo espetáculo de um Partido, que na véspera não passava de ínfima minoria, e que meses depois não permitia nem na Câmara dos Deputados nem no Senado Federal uma só voz que lhe falasse do passado e que de fronte erguida intimasse ao presente, vitorioso, a honestidade e a lisura dos vencidos..." ("Obras seletas", vol. L pp. 177-178).

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