quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

MONTEIRO LOBATO EM 1919


Estátua de Monteiro Lobato na entrada de Taubaté  (Km 111 da Rod. Dutra)






"A 2 de dezembro nasceu, a 5 de dezembro faleceu D. Pedro II. Quem foi este homem que não deixou lembranças neste País? Apenas um Imperador que reinou apenas durante 50 anos...Tirano? Despótico? Equiparável a qualquer facínora coroado? Não. Apenas a Marco Aurélio.


A velha dinastia bragantina alcançou com ele esse apogeu de valor mental e moral que já brilhou em Roma, na família Antonina, com o advento de Marco Aurélio. Só lá, nesse período feliz da vida romana, é que se nos depara o sósia moral de D. Pedro II.


O fato de existir na cúspide da sociedade um símbolo vivo e ativo da honestidade, do equilíbrio, da moderação, da honra e do dever, bastava para inocular no País em formação o vírus das melhores virtudes cívicas.


O Juiz era honesto, se não por injunções da própria consciência, pela presença da honestidade no Trono. O político visava o bem comum, se não por determinismo de virtudes pessoais, pela influencia catalítica da virtude imperial. As minorias respiravam, a oposição possibilitava-se: o chefe permanente das oposições estava no trono. A justiça era um fato: havia no trono um juiz supremo e incorruptível. O peculatário, o defraudador, o político negocista, o juiz venal, o soldado covarde, o funcionário relapso, o mau cidadão, enfim, e mau por força de pendores congeniais, passava, muitas vezes, a vida inteira sem incidir num só deslize. A natureza o propelia ao crime, ao abuso, à extorção, à violência, à iniqüidade – mas sofreava as rédeas aos maus instintos a simples presença da equidade e da justiça no Trono.


Ignorávamos isso na Monarquia.


Foi preciso que viesse a República, e que alijasse do Trono a força catalítica para patentear-se bem claro o curioso fenômeno.


A mesma gente, o mesmo Juiz, o mesmo político, o mesmo soldado, o mesmo funcionário até 15 de novembro honesto, bem intencionado, bravo e cumpridor dos deveres, percebendo, na ausência do imperial freio, ordem de soltura, desaçamaram a alcatéia dos maus instintos mantidos em quarentena. Daí, o contraste dia a dia mais frisante entre a vida nacional sob Pedro II e a vida nacional sob qualquer das boas intenções quadrienais que se revezam na curul republicana.


O "Alagoas" levava a bordo a luz importuna, a luz que empatava. E começou a revista de ano que há trinta anos diverte o País.


Que diverte, mas que envenena.


Que envenena e arruína.


O que havia de cristalização social dissolve-se, volta ao estado de geléia.


Sucedem-se na cena os atores, gingam-se as mesmas atitudes, murmuram-se as mesmas mensagens, reeditam-se eternas promessas.


As cenas do ano de 1900 desenroladas na Capital da República, durante a última epidemia, são "os noves fora nada" da obra de 15 de novembro. A máquina governamental, caríssima, não funciona nos momentos de crise. Não é feita para funcionar, senão para sugar com fúria acarina o corpo doente do animal empolgado.


De norte a sul o povo lamuria a sua desgraça e chora envergonhado o que perdeu".


Como se pode notar, um grande brasileiro acima de qualquer suspeita define bem o movimento de 15 de novembro de 1889. Foi preso na ditadura ocorrida no Brasil após 1930, por não querer ser subserviente ao déspota da época.  (ditador Getúlio Vargas)
 
 
Postado em Monarquia do Brasil por José Silvio Leite
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