Mensagem do Chefe da Casa Imperial do Brasil
Em 1822, o então Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves vivia uma
situação de relativa instabilidade política. Uma revolução liberal no Porto
impusera o regresso de D. João VI a terras lusas, lançando inquietação entre
muitos dos que aqui influenciavam os nossos destinos. A situação criada viria a
precipitar um processo de emancipação política, o qual culminaria na
declaração de Independência, feita às margens do Ipiranga, pelo Príncipe Dom
Pedro, a 7 de setembro daquele ano.
Naqueles momentos de indefinição e incerteza, alguns elementos e
algumas forças atuantes na cena política procuraram desintegrar nossa unidade
enquanto Nação e, até mesmo, derrubar a forma monárquica de governo.
A inteligência, a liderança e a sabedoria política de José Bonifácio de
Andrada e Silva, aliadas à argúcia e à determinação do Príncipe Regente
evitaram ao Brasil um esfacelamento indesejado e permitiram o nascimento do
País independente sob a égide da Monarquia, a qual lhe traria um longo período
de estabilidade política e de ascensão nas sendas de suas legítimas tradições e
na fidelidade a seus princípios cristãos.
* * *
A Proclamação de nossa Independência – que hoje comemoramos – é
portadora de grandes lições. O processo de diferenciação entre o Brasil e
Portugal estava completo. Circunstâncias acidentais suscitaram rusgas entre os
habitantes da colônia e da metrópole. Mas a separação, que se fez com a energia
e com a força de um povo que queria ser independente, foi, ao mesmo tempo,
marcada pelo afeto e pela gratidão.
Quando Portugal e as grandes potências reconheceram a nossa
Independência, o Brasil soube voltar-se para sua própria história e para seu
passado próximo, reconhecendo em D. João VI o monarca sábio e afável que,
elevando o Brasil à condição de Reino Unido, lhe trouxera todos os benefícios e
condições para se tornar independente. No momento em que todos os laços se
cortavam, o Brasil soube restabelecer o laço do afeto através do gesto simbólico
de permitir ao monarca usar até o fim de sua vida o título de Imperador do
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* * *
O Brasil atravessa talvez o mais grave momento de sua história, desde a
Independência. Numa ruptura militante com nosso passado, a instabilidade
republicana atinge um auge por poucos imaginado. O País assiste, estupefato, a
uma degradação moral e institucional sem precedentes, enquanto nossa
população tem manifestado um sadio e inesperado vigor na defesa de um Brasil
autêntico e fiel a si mesmo.
A partir da Presidência da República, o País assiste à implementação de
um projeto de poder ideológico, avesso aos seus mais íntimos anseios:
- um projeto político-social eivado de espírito anticristão que busca, de
todas as formas, esfacelar a instituição básica de qualquer sociedade civilizada, a
- um projeto que move uma mal disfarçada perseguição à propriedade
privada, direito nascido da ordem natural, garante da legítima ascensão de um
povo, e da liberdade individual e familiar;
- um projeto que busca, através de uma concepção abusiva do papel do
Estado, dirigir os que ensinam e os que aprendem, subvertendo a educação de
nossas crianças e de nossos jovens e condicionando a elaboração do pensamento
nacional, através da regulação da produção filosófica, literária e científica;
- um projeto que insiste no erro fatal de conduzir nossa realidade sócio-
econômica nas sendas de um socialismo estatista, cujos frutos trágicos o mundo
continua a presenciar, inclusive em nosso Continente;
- um projeto em contínua ruptura com nossos valores de convívio pacato,
fraterno e cristão, que busca lançar a divisão e a luta fratricida entre brasileiros
e que vai debilitando nossa unidade territorial, através de duvidosas políticas de
demarcações raciais;
- um projeto que tem aviltado nossa, outrora, tão prestigiosa diplomacia e
nossos interesses internacionais;
- um projeto que rebaixou a política e as instituições, fazendo com que a
corrupção sem freios se assenhoreasse da máquina do Estado, em proveito de
ambições pessoais desmedidas e de cumplicidades político-ideológicas.
De um modo para muitos inesperado, multidões saem às ruas, sempre de
modo cordato, não em razão de preferências partidárias ou de disputas da baixa
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política, mas em defesa de um Brasil genuíno, em legítima continuidade com
São esses brasileiros, quase sempre relegados e esquecidos por uma certe
“elite” progressista e afeita à moda, que querem fazer ouvir sua voz, seus anseios
mais íntimos, suas aspirações a respeito do País, do Estado, da região. Mas os
dirigentes de nossa vida pública continuam a configurar as leis e as estruturas
que regem a vida do Estado e da sociedade sem sincronia com tais ideais, anelos
e modos de ser. O mundo político e institucional parece não se dar conta do
enorme abismo que se vai cavando em nossa vida pública, e continua apenas
preocupado com os conchavos e os acertos de bastidor. Suas manobras são de
molde a fomentar contradições, gerar a confusão e induzir alguns espíritos ao
desânimo, à dispersão e à inércia. E assim o País vai sendo encaminhado para
uma situação histórica dramática.
A História nos ensina que o curso dos acontecimentos desserve sempre
aos que dormem. No dia em que comemoramos nossa Independência, a Casa
Imperial, movida pelo ardente anelo de uma cristã grandeza para o Brasil,
considera de seu dever alertar os brasileiros, e, particularmente, as classes
dirigentes para que se articulem em torno de seus chefes naturais, com o
objetivo de, através de soluções sábias e orgânicas, fazer refluir para dimensões
mínimas o perigo que se abate sobre a Nação. Assim poderá o Brasil prosseguir
sua trajetória histórica, sem conhecer a degradação, a tristeza, a miséria, as
discórdias, agitações e morticínios nos quais foram submersas tantas nações.
* * *
A 22 de agosto de 1822, quinze dias antes da declaração de
Independência, meu tetravô, o futuro D. Pedro I, viajando do Rio de Janeiro
para São Paulo, rezou diante da imagem de Nossa Senhora da Conceição
Aparecida, prometendo-Lhe consagrar o Brasil, caso se resolvesse de modo
favorável a intrincada situação política. Hoje, seguindo seu exemplo, coloco-me
aos pés de Nossa Senhora Aparecida a quem rogo que vele solícita pelo nosso
País e por seu povo, a fim de que permaneçam invictos e, com energias
vivificadas, possam rumar para a luminosa e providencial missão que os
aguarda neste século.
São Paulo, 7 de setembro de 2015.
Dom Luiz de Orleans e Bragança
Chefe da Casa Imperial do Brasil
www.monarquia.org.br
segunda-feira, 7 de setembro de 2015
Mensagem do Chefe da Casa Imperial do Brasil - 7 de setembro de 2015
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