segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Mensagem do Chefe da Casa Imperial do Brasil - 7 de setembro de 2015

Mensagem do Chefe da Casa Imperial do Brasil


Em 1822, o então Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves vivia uma 

situação de relativa instabilidade política. Uma revolução liberal no Porto 

impusera o regresso de D. João VI a terras lusas, lançando inquietação entre

muitos dos que aqui influenciavam os nossos destinos. A situação criada viria a 

precipitar um processo de emancipação política, o qual culminaria na 

declaração de Independência, feita às margens do Ipiranga, pelo Príncipe Dom 

Pedro, a 7 de setembro daquele ano.

Naqueles momentos de indefinição e incerteza, alguns elementos e 

algumas forças atuantes na cena política procuraram desintegrar nossa unidade 

enquanto Nação e, até mesmo, derrubar a forma monárquica de governo.

A inteligência, a liderança e a sabedoria política de José Bonifácio de 

Andrada e Silva, aliadas à argúcia e à determinação do Príncipe Regente 

evitaram ao Brasil um esfacelamento indesejado e permitiram o nascimento do 

País independente sob a égide da Monarquia, a qual lhe traria um longo período 

de estabilidade política e de ascensão nas sendas de suas legítimas tradições e 

na fidelidade a seus princípios cristãos.

* * *

A Proclamação de nossa Independência – que hoje comemoramos – é 

portadora de grandes lições. O processo de diferenciação entre o Brasil e 

Portugal estava completo. Circunstâncias acidentais suscitaram rusgas entre os 

habitantes da colônia e da metrópole. Mas a separação, que se fez com a energia

e com a força de um povo que queria ser independente, foi, ao mesmo tempo, 

marcada pelo afeto e pela gratidão.

Quando Portugal e as grandes potências reconheceram a nossa 

Independência, o Brasil soube voltar-se para sua própria história e para seu 

passado próximo, reconhecendo em D. João VI o monarca sábio e afável que, 

elevando o Brasil à condição de Reino Unido, lhe trouxera todos os benefícios e 

condições para se tornar independente. No momento em que todos os laços se 

cortavam, o Brasil soube restabelecer o laço do afeto através do gesto simbólico 

de permitir ao monarca usar até o fim de sua vida o título de Imperador do 

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* * *

O Brasil atravessa talvez o mais grave momento de sua história, desde a 

Independência. Numa ruptura militante com nosso passado, a instabilidade

republicana atinge um auge por poucos imaginado. O País assiste, estupefato, a 

uma degradação moral e institucional sem precedentes, enquanto nossa 

população tem manifestado um sadio e inesperado vigor na defesa de um Brasil 

autêntico e fiel a si mesmo.

A partir da Presidência da República, o País assiste à implementação de 

um projeto de poder ideológico, avesso aos seus mais íntimos anseios:

- um projeto político-social eivado de espírito anticristão que busca, de 

todas as formas, esfacelar a instituição básica de qualquer sociedade civilizada, a 

- um projeto que move uma mal disfarçada perseguição à propriedade 

privada, direito nascido da ordem natural, garante da legítima ascensão de um 

povo, e da liberdade individual e familiar;

- um projeto que busca, através de uma concepção abusiva do papel do 

Estado, dirigir os que ensinam e os que aprendem, subvertendo a educação de 

nossas crianças e de nossos jovens e condicionando a elaboração do pensamento 

nacional, através da regulação da produção filosófica, literária e científica;

- um projeto que insiste no erro fatal de conduzir nossa realidade sócio-
econômica nas sendas de um socialismo estatista, cujos frutos trágicos o mundo 

continua a presenciar, inclusive em nosso Continente;

- um projeto em contínua ruptura com nossos valores de convívio pacato, 

fraterno e cristão, que busca lançar a divisão e a luta fratricida entre brasileiros 

e que vai debilitando nossa unidade territorial, através de duvidosas políticas de 

demarcações raciais;

- um projeto que tem aviltado nossa, outrora, tão prestigiosa diplomacia e 

nossos interesses internacionais;

- um projeto que rebaixou a política e as instituições, fazendo com que a 

corrupção sem freios se assenhoreasse da máquina do Estado, em proveito de 

ambições pessoais desmedidas e de cumplicidades político-ideológicas.

De um modo para muitos inesperado, multidões saem às ruas, sempre de 

modo cordato, não em razão de preferências partidárias ou de disputas da baixa 

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política, mas em defesa de um Brasil genuíno, em legítima continuidade com 

São esses brasileiros, quase sempre relegados e esquecidos por uma certe 

“elite” progressista e afeita à moda, que querem fazer ouvir sua voz, seus anseios 

mais íntimos, suas aspirações a respeito do País, do Estado, da região. Mas os 

dirigentes de nossa vida pública continuam a configurar as leis e as estruturas 

que regem a vida do Estado e da sociedade sem sincronia com tais ideais, anelos 

e modos de ser. O mundo político e institucional parece não se dar conta do 

enorme abismo que se vai cavando em nossa vida pública, e continua apenas 

preocupado com os conchavos e os acertos de bastidor. Suas manobras são de 

molde a fomentar contradições, gerar a confusão e induzir alguns espíritos ao 

desânimo, à dispersão e à inércia. E assim o País vai sendo encaminhado para 

uma situação histórica dramática.

A História nos ensina que o curso dos acontecimentos desserve sempre 

aos que dormem. No dia em que comemoramos nossa Independência, a Casa 

Imperial, movida pelo ardente anelo de uma cristã grandeza para o Brasil, 

considera de seu dever alertar os brasileiros, e, particularmente, as classes 

dirigentes para que se articulem em torno de seus chefes naturais, com o 

objetivo de, através de soluções sábias e orgânicas, fazer refluir para dimensões 

mínimas o perigo que se abate sobre a Nação. Assim poderá o Brasil prosseguir 

sua trajetória histórica, sem conhecer a degradação, a tristeza, a miséria, as 

discórdias, agitações e morticínios nos quais foram submersas tantas nações. 

* * *

A 22 de agosto de 1822, quinze dias antes da declaração de 

Independência, meu tetravô, o futuro D. Pedro I, viajando do Rio de Janeiro 

para São Paulo, rezou diante da imagem de Nossa Senhora da Conceição 

Aparecida, prometendo-Lhe consagrar o Brasil, caso se resolvesse de modo 

favorável a intrincada situação política. Hoje, seguindo seu exemplo, coloco-me 

aos pés de Nossa Senhora Aparecida a quem rogo que vele solícita pelo nosso 

País e por seu povo, a fim de que permaneçam invictos e, com energias 

vivificadas, possam rumar para a luminosa e providencial missão que os 

aguarda neste século.



São Paulo, 7 de setembro de 2015.

Dom Luiz de Orleans e Bragança

 Chefe da Casa Imperial do Brasil

www.monarquia.org.br 


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