quarta-feira, 16 de outubro de 2024

O FUTURO QUE ESPERO VER INICIAR


Jean Tamazato*

Em 1995, Bill Gates publicou o livro "A Estrada do Futuro", onde afirmava que, em um futuro breve, haveria mais computadores do que aparelhos de televisão e que nossas compras seriam feitas com base nas palavras pesquisadas em buscadores. Na época, eu não acreditava nisso, especialmente quando ele mencionou que seria uma realidade para todos os países. Ao longo desses quase 30 anos, a maioria das previsões de Gates foi aceita e confirmada.

Pessoas ligadas a esse tema têm falado que o futuro da energia está na Lua, através do hélio-3. Uma pequena porção do tamanho de um ovo de galinha seria suficiente para produzir energia para abastecer uma cidade como São Paulo. Isso poderia ser a solução para o problema energético, permitindo-nos operar grandes máquinas e naves espaciais, como vemos em filmes de ficção científica como "Jornada nas Estrelas". A instalação de bases na Lua e em Marte já está prevista, e, quando isso acontecer, teremos acesso a uma energia ilimitada e à mineração de minérios raros.

Recentemente, Sérgio Sacani comentou sobre a possibilidade de levar material bruto para a Lua, onde um robô autônomo, controlado por um operador na Terra através de realidade virtual, poderia trabalhar para reproduzir mais comuns, gerando um efeito progressivo e impressionante. Esses assuntos eram difíceis de abordar, mas a energia quase ilimitada e de baixo custo proporcionada pelo hélio-3 pode tornar isso possível, permitindo que, em 20 ou 30 anos, tenhamos cargueiros interplanetários.

Acredito que a mudança se dará quando começarmos a ver sinais desse novo mundo, ou seja, inovações vindas literalmente do espaço. Alguns economistas preveem que essa nova economia será de quatrilhões, transformando a nossa realidade econômica. Hoje, em 2024, já vivemos uma desmaterialização das coisas, como com o Pix e as moedas digitais. O novo "DREX", uma moeda digital governamental, promete um controle sem precedentes. Com um custo fixo para produzir grandes quantias, ele permitirá uma flexibilidade que jamais vimos na história.

             Além disso, a desmaterialização das coisas será impulsionada pela realidade demográfica. O mercado imobiliário, por exemplo, não pode subir se não houver pessoas para ocupá-lo. Já estamos vendo isso em países da Europa e até nos Estados Unidos, que, apesar de crescer, também enfrentam desvalorização. Culturalmente, os casais estão envelhecendo e tendo apenas um ou dois filhos, e muitos optam por ficar solteiros. 

A mecanização, a robótica e a inteligência artificial massificarão produtos, transformando-os em commodities no mercado internacional. No Brasil, especialmente entre os parlamentares da direita, vejo discussões que, apesar de fazerem sentido, carecem de uma visão sobre essa mudança iminente. 

Recentemente, o apresentador Ratinho, um produtor de gado de corte, decidiu sair do negócio ao perceber a dificuldade em definir preços diante do monopólio da Friboi. Também assisti a uma entrevista em que Sérgio Sacani mencionou que o presidente Lula, conhecido por seu orgulho no pré-sal, também pode querer explorar novas reservas de petróleo na Amazônia e no Nordeste. Caso contrário, se seguir as diretrizes do IBAMA, a gasolina pode atingir preços exorbitantes, especialmente com o declínio das reservas do pré-sal em 2027.

Há elementos imprevisíveis que não conseguimos antecipar, assim como não previmos o impacto das redes sociais e dos celulares em 2012. Hoje, em 2024, temos empresas como Mercado Livre e Amazon, que entregam produtos em poucas horas após a compra.

Por exemplo, para cultivar 2 hectares de café, eram necessários 20 empregados fixos e 90 durante a colheita, enquanto para a mesma área de soja, basta a família e uma máquina agrícola compartilhada. Isso fará com que a maioria das pessoas opte pela soja e outros cereais, relegando o café a áreas montanhosas e, talvez em 2030, a um produto reservado à elite econômica.

Se refletirmos sobre esses exemplos e observarmos os jovens ao nosso redor, podemos nos sentir pessimistas quanto ao futuro. No entanto, acredito que a mudança virá, seja pela tecnologia, pela ação dos governos ou por outros fatores. Aqueles que não se adaptarem, não tiverem conhecimentos em informática, um segundo ou terceiro idioma, e mobilidade, poderão ser considerados "aposentados" pelo sistema.

  

  GATES, Bill. A Estrada do Futuro. 1. ed. Nova York: Viking Penguin, 1995.

  NASA. Helium-3 on the Moon. Disponível em: https://www.nasa.gov  Acesso em: 16 out. 2024.

  BANCO CENTRAL DO BRASIL. Pix. Disponível em: https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/pix. Acesso em: 16 out. 2024.

  INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Projeções da População. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/populacao/9076-projecao-da-populacao.html. Acesso em: 16 out. 2024.

  INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA (IPEA). As novas configurações familiares. Disponível em: https://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=15003. Acesso em: 16 out. 2024.


Artigo publicado em http://tamazato.blogspot.com